quarta-feira, 26 de maio de 2010

Histórias Das MInhas Canções



A Editora Leya está lançando Histórias das Minhas Canções de Paulo Cesar Pinheiro que tem a seguinte sinopse:Histórias das Minhas Canções: Paulo César Pinheiro Paulo César Pinheiro, compositor prolífico, de mais de 1000 músicas gravadas num universo de 2000 compostas, possui uma trajetória peculiar. Sua gama de parceiros vai de Pixinguinha a Lenine, passando por João Nogueira, Baden Powell, Joyce, Tom Jobim, D. Ivone Lara - para citar poucos. Ao longo de mais de 40 anos de carreira - iniciada profissionalmente com a gravação de "Lapinha" por Elis Regina, em 1968 - conviveu com outros grandes nomes da MPB, intérpretes, arranjadores, músicos, poetas. Participou dos populares festivais de música da década de 60; acompanhou o surgimento da bossa nova, a evolução das escolas de samba, a censura sistemática à música e o esforço, também constante e intenso, para superá-la. Numa linguagem informal, como se batesse um papo com o leitor numa mesa de bar, Pinheiro vai desfiando deliciosas histórias que envolvem algumas de suas músicas mais conhecidas. Durante o regime militar, por exemplo, a canção "Pesadelo", feita com a intenção de ser um protesto explícito, já que Paulo César estava cansado das metáforas compulsórias. O grupo MPB-4 adorou a canção, mas tinha certeza de que não passaria pela censura. Se passasse, gravariam, foi a aposta que fizeram - e que Pinheiro ganhou, usando uma ardilosa artimanha, narrada em detalhes no livro.


Compositor reservado, do qual pouco se ouve falar no circo da mídia por conta de sua postura reclusa, Paulo César Pinheiro revela algo de sua personalidade ao detalhar a gênese de 65 de suas estimadas duas mil músicas em Histórias das Minhas Canções, livro lançado neste mês de maio de 2010 pela editora LeYA. É com justificado orgulho que o poeta classifica como obra-prima temas como Matita-Perê (1973), sua primeira parceria com Tom Jobim (1927 - 1994), inaugurada - revela ele no livro - depois que o maestro soberano ouviu Sagarana (1969), parceria de Pinheiro com o violonista João de Aquino, composta em homenagem a Tom. Traços de vaidade, da firmeza ideológica e do caráter boêmio vão sendo esboçados nos relatos à medida em que Pinheiro recorda em narrativa coloquial a origem das 65 músicas que selecionou para abordar no livro. Sincero, o autor não camufla nem os ciúmes entre parceiros - como o que sentiu Vinicius de Moraes (1913 - 1980) ao ouvir num bar de Ipanema a letra de Lapinha, feita por Pinheiro em 1965, aos 16 anos, em cima de melodia lhe confiada por Baden Powell (1937 - 2000). Vinicius, mais tarde, venceria o ciúme e se tornaria amigo de Pinheiro. Que sempre exerceu a poligamia musical, já contabilizando cerca de 150 parceiros. Com Baden, criou sambas cheios de verve como Cai Dentro (1979) - este composto por encomenda de Elis Regina (1945 - 1982) para alfinetar cantora que vinha ganhando prestígio e autoridade no mundo do samba, o que irritou Elis (Pinheiro não revela o nome da cantora, mas é provável que seja Beth Carvalho, desafeto da Pimentinha desde que elas disputaram a primazia de lançar - em 1973 - o samba Folhas Secas, de Nelson Cavaquinho). Pelo apego do poeta à boemia, muitas obras-primas nasceram em mesas de bar. Foi o caso de Menino Deus (1974), cuja melodia foi cantarolada entre uma cerveja e outra por Mauro Duarte (1930 - 1989). Fascinado pela beleza da melodia, Pinheiro foi em busca de Duarte num cortiço de Botafogo para ter a oportunidade de criar os versos que seriam imortalizados na voz de sua esposa, Clara Nunes (1943 - 1983) - intérprete também do forte Canto das Três Raças (1976), samba-enredo criado por Paulo com o mesmo Mauro Duarte com a intenção de evocar as tradições melódicas do gênero, à moda dos sambas de Silas de Oliveira (1916 - 1972). Às vezes, relata o compositor, a inspiração pode vir de uma mera palavra de jornal - como Mordaça, musa do samba composto com Eduardo Gudin em 1974 .
Transcrito do blog Notas Musicais do crítico musical Mauro Ferreira.

(Clara Nunes, uma das maiores cantoras brasileiras, com quem Pinheiro foi casado de 1975 até 1983, quando a cantora morreu, aos 39 anos, vítima de um Choque Anafilático em uma operação de Varizes. Clara foi a principal intérprete de sua obra)

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